Devido a grande quantidade de mão-de-obra desqualificada, muitas empresas passaram a assediar quem ja está trabalhando. Mas precisamos avaliar para termos certeza que a proposta é boa ou se não estamos trocando o certo pelo duvidoso.De acordo com Eduardo Ferraz, "As pessoas um pouco mais qualificadas trocam com muito mais frequência de emprego, seja para ganhar um pouco mais, morar mais perto de casa, ter horários mais flexíveis ou mais autonomia. Os mais qualificados, que normalmente têm tolerância mais baixa, estão ainda mais intolerantes e impacientes com situações que aceitariam melhor se houvesse alto desemprego”.
Eduardo Ferraz: Vale estudar a mudança a partir de 30% de aumento real (incluindo bônus ou participação nos lucros garantidos nos primeiros dois anos), sem esquecer de levar em consideração outros aspectos.
Luciana Tegon: Não é só a remuneração que deve ser avaliada, mas também os benefícios, se há incentivo ao aprimoramento profissional através de cursos e especializações, se há oportunidade de intercâmbio com as outras sedes da empresa, se haverá upgrade na posição hierárquica, se há identificação com a cultura da empresa, tempo de deslocamento até o trabalho e o impacto positivo ou negativo na qualidade de vida.
Horário e feriados trabalhados
Eduardo Ferraz: Horas extras ou horários noturnos e finais de semana não valem nessa conta, pois normalmente já pagam acima de 30% com relação ao horário normal.
Janaína Andrade: Horário de trabalho com certeza é um dos quesitos avaliados pelos profissionais no momento de trocar de emprego, e isto deve ser levado em consideração por parte deles, principalmente porque buscam qualidade de vida. Caso o profissional tenha família, também é importante analisar se precisará trabalhar aos finais de semana ou em horários fora do horário comercial, impactando no convívio familiar. Horário flexível é um benefício importante que muitas empresas estão adotando, com o intuito de ser um benefício bastante atrativo para o profissional.
Local de trabalho
Eduardo Ferraz: Costuma pesar tanto ou mais que o dinheiro. Se você gasta até uma hora para ir voltar do trabalho e no novo emprego gastará acima de duas horas, talvez não valha a pena a mudança se não houver outros fortes atrativos.
Janaína Andrade: Devido à busca contínua por qualidade de vida, é imprescindível que o profissional pese todos os pontos antes de aceitar uma nova oportunidade. Se o trabalho novo é mais perto da sua casa, com certeza, será considerado um bônus. Itens como a distância, tempo de deslocamento e o trânsito devem ser considerados no momento de suas escolhas.
Infeliz no emprego atual?
Eduardo Ferraz: Muita gente troca de emprego ganhando o mesmo e até menos por se sentir infeliz e sem perspectiva. É uma troca que pode valer a pena.
Janaína Andrade: Caso o funcionário esteja insatisfeito com o seu trabalho atual, precisará fazer uma análise para avaliar se são realmente as suas atividades que o estão deixando infeliz ou se existe outro motivo. Caso o motivo seja o ambiente de trabalho, gestão ou motivos parecidos, isso deve ser conversado junto ao responsável para tentar modificar algo. Caso contrário, o profissional deve sim buscar uma nova oportunidade, procurando sempre o que vai atender às suas expectativas profissionais e pessoais.
Plano de carreira
Eduardo Ferraz: Isso também deve ser levado em conta. Se o clima no atual emprego é bom, o chefe é justo e há uma chance real de ser promovido em no máximo dois anos, apenas um aumento de 30% prometido pelo novo empregador passa a não valer tanto a pena, pois uma promoção costuma gerar um aumento de 20% em média.
Janaína Andrade: Caso a empresa tenha apresentado plano de carreira, o profissional deverá levar em consideração, principalmente se o fato dele buscar uma nova oportunidade, estiver relacionado à falta de crescimento profissional na empresa atual. Diminuir a sua remuneração, inclusive, é válido se existir realmente a possibilidade de ascensão no novo emprego, caso isso tenha sido sinalizado pelo novo empregador no momento das negociações.
Idade
Eduardo Ferraz: Os mais jovens ainda estão aprendendo e mudar duas ou três vezes de emprego em 10 anos na maioria das vezes é útil. Acima de 35 anos o risco é maior, pois muitas mudanças acabam “queimando” o currículo.
Janaína Andrade: Depende. Caso o profissional queira mudar de emprego, mas não de área, a idade não interfere muito. Caso o profissional queira mudar de emprego e de área de atuação, provavelmente ele sentirá mais dificuldade, principalmente por causa do mercado de trabalho atual. Dessa maneira, melhor o profissional pensar e refletir, para ver se existe realmente a necessidade de mudar da empresa.
Ambiente de trabalho atual
Eduardo Ferraz: Pesa bastante. Ambientes “tóxicos”, com muita fofoca ou cultura em que a meritocracia não seja valorizada induzem os mais qualificados a mudar de emprego.
Janaína Andrade: Não existe nada pior do que um ambiente de trabalho competitivo, onde você não consiga confiar em ninguém ou exercer um trabalho em equipe. Caso não exista confiança, dificilmente existirá trabalho em equipe. Profissionais devem pesar sobre o ambiente de trabalho, visto que, hoje em dia passamos mais tempo no trabalho do que em casa. Para exercer um bom trabalho é fundamental que o profissional se sinta bem em seu trabalho, que seja um local tranquilo, que lhe proporcione estabilidade, segurança e tranquilidade para desempenhar suas tarefas.
Problemas no relacionamento com a chefia
Eduardo Ferraz: Chefes medíocres, centralizadores ou grosseiros costumam gerar baixa produtividade e insatisfação geral. Se não houver oportunidades em outros departamentos na mesma empresa, deve-se pensar seriamente em mudar de emprego.
Janaína Andrade: O mais importante para garantir uma boa performance do profissional contratado é ele sentir-se bem na empresa em que atua. Caso a relação com a chefia já esteja desgastada e o respeito já não exista mais entre as partes, melhor partir para uma nova oportunidade. Por outro lado, se você gostar da empresa em que atua e ainda sentir que pode obter realização profissional e pessoal, vale a pena conversar com outras pessoas, com o intuito de validar a possibilidade de alterar de área, equipe ou gestor.
Atribuições do cargo
Eduardo Ferraz: O candidato certamente deve comparar o que ele faz no emprego atual e o que ele fará no novo. Os desafios e oportunidades de crescimento têm que valer muito a pena.
Janaína Andrade: É complicado, em um processo seletivo, o candidato se vender de modo que diga o que faz no emprego atual e o que fará no novo emprego, pois ele ainda não conhece a empresa, a dinâmica de trabalho e os processos. Lembrando que, por ainda não conhecer, o modelo de trabalho da nova empresa pode ser igual a sua empresa atual, podendo ser reprovado por ter perspectivas diferentes das oferecidas pelo novo contratante.
Viagens nacionais e internacionais
Luciana Tegon: Vivendo em um mundo globalizado, são frequentes as posições onde há necessidade de viajar a trabalho tanto no Brasil como no exterior. Esse é um ponto a ser avaliado no que se refere à frequência dessas viagens e no tempo que estará ausente de casa, especialmente para um profissional casado e que tenha família. Viagens frequentes podem causar impacto na vida pessoal do funcionário, não sendo raro vermos separações motivadas pela frequente distância entre o casal.
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